Quem não se comunica se trumbica, diria o saudoso apresentador televisivo Chacrinha, porém qual a importância da comunicação? Com essa dúvida, os alunos da Rede CAMÕES conversaram com o publicitário e professor Renato Elston que já coordenou ou esteve a frente de cursos de graduação e pós-graduação envolvendo a Comunicação em Rio Claro e região. Nessa conversa sábia, Elston enfocou o papel primordial da comunicação, da tecnologia e avisou: Aluno crítico impõe novo ritmo a estrutura escolar. Confira a entrevista:
CAMÕES: Qual seu conselho ao falar em público e qual a importância da comunicação?
Professor Renato Elston: Falar em público é algo que temos que fazer, não tem como fugir dessa responsabilidade. Essa fala pública acaba sendo solicitada a nós as vezes de uma forma até inesperada, acho que o mais importante, eu diria para que vocês, se preparem para falar, você sempre tenha o máximo de conhecimento dos temas, um repertório que possa se conectar com diversos assuntos assim você terá um discurso melhor elaborado. Falei sobre nos prepararmos e também sobre o inesperado, que será resolvido, mais uma vez, a partir do repertório que você tiver, buscar o conhecimento, não ter preconceito em relação a informação e sempre que possível você se dispor a falar publicamente, seja hoje em uma live, em uma discussão de aula, seja onde for, é importante que tenham essa iniciativa. Qual a importância da comunicação? Ela é a forma que usamos para socializar, uma forma de você poder atuar politicamente no sentido de defender as suas ideias, mudar e interferir de alguma maneira.
CAMÕES: O marketing tem algum segredo?
Professor Renato Elston: O marketing também é uma ação quase que inerente a todos nós, o grande ponto é você conhecer o outro, então o que pensamos com o marketing é que a gente aproxime ideias, produtos, serviços, de quem produz para quem pode consumir. Quando falamos em consumo e meio de produção não é necessariamente desse mercado tradicional de consumo, pode ser uma ideia que você elabora e quer que chegue até as pessoas. O mais importante é conhecer o outro, assim podendo, primeiramente, ser mais assertivo na sua comunicação, ao mesmo tempo você pode dar soluções que sejam mais adequadas ao perfil dessas pessoas. Pensar que o marketing se em algum determinado momento atuávamos de uma forma quase massificada, hoje atuamos de uma maneira mais segmentada, então os públicos hoje não devem ser vistos de uma forma quantitativa, por características demográficas, ou seja, comunidade, gênero, renda, deve-se pensar de uma forma mais qualitativa, são os hábitos, os valores dos diversos públicos. Então, acho que esse é um dos pontos mais importantes, saber pra quem estamos falando, entendendo qualitativamente as características do seu público.
CAMÕES: Qual a importância do conhecimento neste mundo de constantes transformações e como vê o uso da tecnologia em áreas como educação, artes e afins?
Professor Renato Elston: A gente sempre vive em momentos de grandes transformações, eu acho que hoje, talvez, ela seja mais acelerada pelas tecnologias, mas a gente sempre vive em um mundo de permanentes transformações. É sempre importante lembrar que o conhecimento era mais valorizado de forma oral quando nós não tínhamos esse suporte com os livros e principalmente agora no mundo digital E quem tinha esse conhecimento oral, quem tinha a memória de toda a história ou de forma geral desses conhecimentos era uma pessoa extremamente valorizada e isso normalmente quem conseguia ter mais bagagem cultural, essa bagagem de informação era dos idosos. Então, nas estruturas mais primitivas eram muito valorizados, agora na nova sociedade, isso se perde e quem tem o grande conhecimento acaba sendo o suporte tecnológico. Certamente, as transformações ocorrem por quem tem conhecimento, eles acabam tendo poder, por consequência, a capacidade de transformar. O que eu diria é que a tecnologia é fundamental para a educação e para as artes.
Certamente, as transformações ocorrem por quem tem conhecimento, eles acabam tendo poder, por consequência, a capacidade de transforma
CAMÕES: Quando percebeu que iria estudar e trabalhar com a comunicação?
Professor Renato Elston: A minha ida a área de comunicação foi de uma forma relativamente natural, não foi planejada, não foi pensada, não foi organizada para isso, eu fui estudando de uma forma quase que consequência dos interesses que eu tinha e meu ingresso no trabalho aconteceu também de uma forma quase que espontânea, inicialmente trabalhando em uma empresa que fazia produtos e depois fui fazendo estágios na área de comunicação, em agências e meu caminho foi sendo construído quase que de uma maneira intuitiva. Foi muito importante todas essas atividades que eu tive e uma das mais importantes foi escrever em jornal, por conta de alguns pontos importantes. Primeiro, você conseguir articular as suas ideias, o seu raciocínio de uma forma muito clara. Segundo, perder a vergonha de escrever ou de falar publicamente, eu acho que foi um dos aspectos mais importantes, diria, então, que essa formação quase que intuitiva também me levou de alguma maneira ou de outra a ser muito dedicado aos estudos, de graduação, de pós-graduação e ainda eu não paro de ler e estudar o tempo todo, seja como professor, seja como profissional de mercado ou seja como orientador de projetos.
CAMÕES: Qual o recado para os alunos de escola pública?
Professor Renato Elston: Eu fiz grande parte da minha formação em escola pública e eu acredito que peguei justamente a transformação da escola pública com mais investimento para uma escola pública com menos investimento, mais restritos. Entendo que a escola cada vez mais com a formação superior é muito importante você ter estrutura, você ter docentes capazes, mas também a gente precisa entender que essa grande parte da formação ela vem do próprio aluno, é o aluno que transforma o curso, é o aluno que faz esse curso acelerar ou não, eu diria que o aluno da escola pública, ele precisa buscar esse conhecimento internamente e fora da escola, se ele sente que a escola não tá dando o suporte que ele precisa, isso vale também para a escola privada, ele precisa ir atrás, buscar informação, principalmente a partir das novas tecnologias, ouvir mais, buscar conectar relações sociais, filosóficas, antropológicas com a tecnologia. A partir disso, eu entendo que a formação da escola pode ser quase que exigida, melhorada, o aluno quando ele é crítico ele consegue impor novos ritmos para a estrutura escolar.

#5: O aluno crítico impõe novos ritmos a escola – Conversas Sábias com Renato Elston – Jornal do Camões
Texto: Aline Nunes dos Santos, 3ª B – Zita de Godoy Camargo, Rio Claro/SP