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O MÉTODO

1º Passo: Como montar o jornal escolar?

A primeira pergunta que se deve fazer é porque montar um jornal escolar? A ideia não é construir um veículo de propagação de comunicados institucionais, mas de engajamento juvenil. O que não impede de que o jornal também divulgue comunicados e notas para a comunidade escolar. Porém, o que tem que ficar claro é que o ‘jornal é dos alunos”, o professor um mero incentivador para que o processo aconteça e que a aprendizagem aconteça de forma significativa.

Célestin Freinet

Francês e autodidata, Célestin Freinet foi professor primário o que o diferencia dos demais pensadores da educação e acreditava no poder da educação para a transformação da sociedade (BUSCARIOLO, LIMA & ANJOS, 2019).

Os instrumentos criados por Freinet foram gestados a partir de sua prática em sala de aula, para atender às necessidades dos alunos e também às necessidades do próprio Freinet, que além do descontentamento com os métodos tradicionais de ensino, viu-se bastante debilitado no pós guerra, sofrendo de grave doença em seu pulmão. As condições concretas que se apresentavam ao educador o fizeram repensar sua prática e forjar novas formas de trabalho em sala de aula

(BUSCARIOLO, LIMA & ANJOS, 2019, p. 120)

2º Passo – Sensibilização

A decisão pela criação do jornal escolar depende, sobretudo, do envolvimento e convencimento dos alunos. Sem os alunos, não há jornal escolar. Entre as propostas de FREINET (1974) destaque para a observação e a experiência, dentre outras:

Substituímos a rotina dos manuais, dos trabalhos de casa e das lições, impostos autoritariamente pelos adultos por:

— O texto livre, que é a expressão natural inicial da vida infantil no seu meio ambiente normal;

— A observação e a experiência como fundamentos indispensáveis das aquisições de conhecimentos em ciências e em cálculo, em história e em geografia ;

— O desenho, a pintura e a música livres, expressão complementar pela via afetiva e artística, de tudo o que a criança tem em si de possibilidades difusas e, não obstante, superiores, de acesso à cultura, não apenas escolar, mas cultura social e humana. Esta técnica da expressão livre, da observação e da experiência pressupõe, no entanto, a criação de novos utensílios de trabalho que lhe dão simultaneamente o alimento e o objetivo.

(FREINET, 1974, p.8)

Para ele, 

[…] não é menos verdade que os princípios de modernização admitidos pela indústria são evidentemente válidos em educação, que um atraso técnico resulta sempre, em última análise, num atraso de civilização e que o progresso social do nosso mundo em crise necessita de uma modernização paralela dos nossos métodos e dos nossos utensílios de trabalho escolar

(FREINET, 1974, p.7)

Siga as dicas dos vídeos abaixo:

Com, no mínimo, três alunos para o início, crie um grupo de WhatsApp destinado, exclusivamente, para o Jornal. O nome do jornal pode servir para estimular a curiosidade. No caso da Rede Camões, há a utilização de nomes de grandes escritores brasileiros. Ex.; Jornal Lima Barreto, Jornal Iracema, Jornal Vidas Secas, etc.

O método Camões é híbrido ou totalmente EAD. Os passos aqui mencionados devem ser adaptados conforme a realidade de cada professor.

3º Passo – Princípios editoriais, éticos e de convivência

O próximo passo é ter um manual mínimo, ou lista simples. com princípios éticos e de convivência para apresentar aos alunos. E alterá-lo, a partir, da sugestão dos próprios integrantes. Esse manual deve constar no site/blog do Jornal e ser lido por todo novo integrante. Os princípios editoriais também devem ter uma página própria e ser lido por todo novo integrante.

A Rede Camões oferece um modelo básico destes princípios na página: https://jornaldocamoes.wordpress.com/editorial/ . Siga as dicas do vídeo abaixo:

4º Passo – Primeira Reunião e a reunião de pauta

Como o texto básico do 3º Passo. É hora de realizar a reunião de fundação do jornal. Com a presença dos alunos sensibilizados/engajados, agenda a reunião. O professor, nessa primeira reunião, fará a ata da reunião que deverá ser publicada no site do jornal. Nas próximas reuniões, outro aluno terá a tarefa de vivenciar o texto da ata, que é item obrigatório em toda reunião do jornal. Siga as dicas do vídeo abaixo:

5º Passo – Segunda Reunião e a primeira pauta

Após a realização da primeira reunião e a publicação de sua ata no site do jornal, é hora de agendar a próxima reunião e definir as pautas. Como escolher pautas? Tudo pode ser uma pauta, qualquer sugestão, desde que ancoradas nos princípios editoriais. É a reunião de pauta que decidirá quais pautas virarão notícia.

Nesta reunião, o professor destinará um aluno para escrever a ata.

Veja as dicas de como selecionar pautas:

6º Passo – Terceira Reunião e a criação do fluxo de auto avaliação e revisão cooperativa

O trabalho do jornal é cooperativo, o professor é apenas um facilitador do processo e enriquecedor do processo, interferindo com conteúdo significativo durante todo o processo. É importante, aqui, estabelecer o fluxo do jornal. Quem se reportará a quem, quando e em quais situações. Definindo papeis e tarefas. Confira as dicas:

Na Rede Camões, optou-se pela criação de um sistema para definir os fluxos externos. Veja o exemplo:

As reuniões de pauta também podem ser utilizadas para os processos de auto avaliação. Veja as dicas:

7º Passo – Quarta Reunião e a primeira entrevista

A primeira entrevista é muito importante para os participantes. Nesta etapa, entraram em contato diretamente com pessoas de fora do contexto escolar. Os alunos devem sugerir nomes e pessoas relevantes para eles ou para a comunidade escolar. Nesta etapa, o jornal já deve ter um e-mail próprio, e ele será o primeiro contato com o possível entrevistado. Siga as dicas:

8º Passo – Quinta Reunião e o conceito de multiplataforma

A sociedade contemporânea tem sido marcada por uma série de mudanças tecnológicas e econômicas, que têm exigido atualizações constantes dos profissionais de Comunicação, e em particular do Jornalista.

Na contemporaneidade, a possibilidade de atuação e mesmo o trabalho para o profissional em Comunicação demandam uma capacidade de produção de conteúdos para diferentes mídias e plataformas, na medida em que o acesso à informação e mesmo ao entretenimento também ocorre de forma diferenciada.

Desse modo, torna-se necessário que os produtos jornalísticos também possam ser veiculados e consumidos em espaços diversos como tabletspagers, redes sociais e, ainda, nas mídias consideradas tradicionais como rádio, jornal e televisão, ainda que em novos formatos e/ou projetos.

Logo, adota-se na Rede Camões a produção de conteúdo jornalístico multiplataforma.

Neste passo é importante utilizar um conceito educacional: o Multiletramentos.

A inserção nesse cenário com novas formas de interação (real e virtual) é que emoldura o que se chama “multiletramentos” cujo termo aponta a multiplicidade de canais de comunicação, diversidade cultural e linguística (COSTA SILVA, 2016).

A Pedagogia dos Multiletramentos tem uma visão de mente, sociedade e aprendizagem baseada na suposição de que a mente humana é incorporada, situada e social. Ou seja, de que o conhecimento humano é embutido em contextos sociais, culturais e materiais e seu conhecimento desenvolvido como parte de um processo de interações colaborativas com outros de diferentes habilidades, contextos e perspectivas que fazem parte de uma mesma comunidade

(COSTA SILVA, 2016, p.12 apud KALANTZIS, 2000) 

De acordo com Kalantzis (2000) são quatro fatores do Multiletramento:

  1. Situated Practice;

A Prática Situada (Situated Practice) é a parte da pedagogia que se constitui pela aquisição por meio de práticas significativas dentro de uma comunidade de aprendizes que é capaz de ocupar múltiplos e diferentes papéis baseados em suas origens e experiências […] O foco na Prática Situada é a compreensão crítica, ou seja, o conhecimento consciente, embora não haja garantias de que cada aprendiz desenvolva a criticidade e prática reflexiva no processo de colocar o conhecimento em prática, sendo assim, avaliação deve ser sempre aplicada para desenvolvimento e não julgamento. Um dos maiores desafios da Prática Situada gira em torno da impossibilidade de sempre se ter controle consciente e conhecimento do que se faz ou se sabe, o que é uma questão central para a aprendizagem escolar (COSTA SILVA, 2016, p.12-13)

  1. Overt Instruction;

O segundo fator, Instrução Explícita (Overt Instruction), inclui todas as intervenções ativas para fundamentar atividades de aprendizagem; não implica transmissão direta, repetições, memorizações, embora tenha essas conotações. Nesta etapa, os esforços colaborativos na relação professor-aluno visam a permitir que o aluno seja capaz de cumprir tarefas mais complexas do que poderia sozinho, e que ele possa ter uma compreensão consciente da representação do professor e interpretação da tarefa que está sendo cumprida e sua relação com outros aspectos que também estão sendo aprendidos. O objetivo aqui é consciência e controle do que está sendo aprendido (COSTA SILVA, 2016, p.13)

  1. Critical Framing;

No Enquadramento Crítico (Critical Framing), o objetivo é ajudar os aprendizes a enquadrar seu crescente domínio na prática, controle e compreensão consciente das relações históricas, sociais, culturais, políticas e ideológicas centradas no valor de determinados sistemas de conhecimento e prática social. (COSTA SILVA, 2016, p.13)

  1. Transformed Practice

Na Prática Transformada (Transformed Practice), não é suficiente ser capaz de articular a compreensão das relações intrassistemáticas ou criticar relações extrassistemáticas. É preciso sempre retornar ao começo, à Situated Practice, mas agora em uma ‘re-prática’, em que a teoria se torna uma prática refletida. Alunos e professores devem desenvolver formas de os estudantes demonstrarem como podem criar e cumprir de maneira refletida novas práticas fundadas em seus próprios objetivos e valores. E ainda, devem ser capazes de mostrar que podem implementar as compreensões adquiridas por meio da Instrução Explícita e do Enquadramento Crítico em práticas que os ajudem simultaneamente a aplicar e revisar o que têm aprendido. A chave aqui é justaposição, integração e viver com tensão (COSTA SILVA, 2016, p.14)

9º Passo – Sexta Reunião e confecção do site e a identidade visual

Neste momento, é hora de confeccionar a identidade visual do jornal. Não será difícil de encontrar algum aluno que possa ajudar e, com isso, convidá-lo para fazer parte da equipe do jornal.

10º Passo – Sétima Reunião e a definição de hierarquia

Agora é hora de definir a hierarquia, esta deve ser mudada de seis em seis meses. A ideia é possibilitar que todos possam ocupar cada uma das funções do jornal. Este passo só é factível se o projeto já possui mais de sete pessoas.

11º Passo – Oitava Reunião e a criação das redes sociais

Aqui, caso consiga integrantes suficientes, você pode instituir a social media do jornal. Confira as dicas:

12º Passo – Nova Reunião e o aspecto legal

Nesta etapa, o jornal deve – através do professor ou da escola envolvida – providenciar documentos para evitar embaraços com uso de trabalho intelectual, de imagem os participantes.

A Rede Camões oferece um modelo de autorização, porém o jornal pode utilizar o documento padrão de sua instituição de ensino.

O documento é necessário e deve estar em posse do professor ou do editor-chefe.

13º Passo – Décima Reunião e o fluxo carrossel

Este fluxo consistem em enfatizar e acordar com todos os integrantes que a cada semestre as funções dentro do projeto do jornal serão alteradas em comum acordo ou por necessidade do mesmo. Este processo evita a evolução somente daqueles que já possui domínio das técnicas trabalhadas. Aos alunos que já possuem autonomia, devem passar o conhecimento da função ou do fluxo aos novos ocupantes. passando, estes, a ocupar uma função hierarquicamente superior. A multiplicação de conhecimento é diretriz fundamental na Rede Camões.

14º Passo – Multidisciplinariedade

Nesta etapa é hora de angariar novos professores para sugestionar conteúdo ou utilizar o conteúdo produzido pelo jornal. As reportagens e entrevistas devem ser utilizadas por outros professores da escola, o que pode reforçar o processo de aprendizagem e não somente o de Língua Portuguesa. Os professores podem ser inserido no jornal como consultores ou fontes para a produção de novos conhecimentos.

15º Passo – Creative Commons

Agora é hora de escolher o tipo de compartilhamento e uso da criatividade e do conhecimento. Por padrão a Rede Camões utiliza:

Atribuição-Não Comercial
CC BY-NC

Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não comerciais, e embora os novos trabalhos tenham de lhe atribuir o devido crédito e não possam ser usados para fins comerciais, os usuários não têm de licenciar esses trabalhos derivados sob os mesmos termos. Sai mais em: https://br.creativecommons.net/licencas/

16º Passo – Trabalhando em Rede

Outra diretriz do jornal, agora que seu projeto caminhou até aqui, é promover o trabalho em rede. A Rede Camões de jornais escolares é a sede do projeto que institui, divulga, promove e capacita a replicação do método para a inserção de comunidades carentes na lógica do trabalho empoderado, criativo e reflexivo. Somos uma rede de criativ@s, artistas, empreendedores, educadores e makers. Confira as dicas no vídeo abaixo:

17º Passo – Aluno colunista e multiplicador

Com a evolução dos alunos no percurso seguido até este passo e , até mesmo, com a saída deste aluno da escola. Ele poderá, agora, a produzir colunas que serão publicadas nos jornais da Rede Camões. Este passo é obrigatório para alunos “formado” no percurso. As colunas podem vir a ser publicadas em veículos profissionais de comunicação, conforme critérios da Rede Camões.

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