15 músicas da Abelha Vermelha que você precisa ouvir

Nos finais de ano, toca as playlist do Spotify. Eu lá, passeando os olhos pelos algoritmos de música de alguns amigos sendo compartilhados no instagram, facebook etc. Fiquei refletindo, mais uma vez, o quanto já faz um tempo que eu geralmente escuto o que me recomenda o algoritmo, na correria do dia mesmo. É uma ferramenta versátil, mas as vezes esqueço de um determinado som, ou fica uma sensação de “mais do mesmo”.

O algoritmo que me guia, meio estilo 2012 ainda é do Youtube, como na época que era sem anúncio. Os anúncios irritam, mas a ferramenta é versátil e a biblioteca é vasta. Mas… pera. Não é por aí que eu quero ir.

No final de 2022, arrumando o armário do serviço e esvazeando as coisas meio sem saber para onde ir (aquela sensação que já sentiu todo Categoria O), lembro que conversavamos entre professores.

Sabe? Quando você é professor de Português, linguagens, sempre rola uns estigmas né? Sei lá, como se você fosse um fã assíduo de Carlos Drummond, ou Machado de Assis e usasse mesóclises etc kkkk.
Trocávamos risadas e indicações de texto e daí surgiu a pergunta:

-Mas de poesia assim, o que você gosta? Quem você lê?…

Essa pergunta, sempre mexe comigo… Quem eu leio? Acredito que o que lemos, o que e quem consumimos é algo sagrado.

Sempre respondo que sou rodeado de gente incrível e muito bem produtora; que ouço meus amigos, pessoas que passaram pela minha trajetória e que são fodas na produção. Gente viva, correndo atrás, sentindo, produzindo, errando e geralmente dividindo a produção artística com o corre do dia-a-dia. Eu poderia listar por dias, mas na urgência de reunir uma playlist de algo que não esteja nos meus algoritmos mecânicos de YouTube do meu dia a dia, mas que direto ouço, acompanho e compartilho, deixo essas quinze aqui. Que vejo o sangue o suor e as lágrimas; que dou ou que já dei risadas.

Aqui segue uma retrospectiva, então, bem diferente da do Spotify:

1 – MLK DE MEL

Ouvir o Mlk de Mel é ouvir o Espaço dissolver, as certezas passarem como brisas, os amores baterem no peito e a madrugada acender uma luz pra você. Na urgência de referências, sabendo que muitos leitores são escolares, dedico aos alunos transmasculinos que estão lutando pra sobreviver.

2 – PUNKA MC

Ouvir a Punka é ter a sensação de calor dum público gritando depois de uma boa rima em alguma praça do 019. É a rajada lírica que corta como o vento numa descida de skate pro parque. Gigantesca na lírica e no tema, pra todos que querem cultivar uma meta independente do problema.

3 – QUIXOTE

Quixote, com carinho e dedicação, fazendo música de Estação em Estação. Qualquer bico que não retribua a atenção revela a nítida podridão da alma isolada que se tornou a metrópole da Capital.

4 – PRIMAVERA NACIONAL

Diretamente do Vergel, na Zona Rural de Mogi Mirim, a Primavera Nacional anuncia a mais do que necessária primavera dos povos que é urgente para o Brasil. Pra despertar no mapa, pra sobreviver à pandemia, de vírus e ignorâncias do país.

5 – CAMILA SOUZA

Gigantesca, tranquila, no seu corre musical, buscando motivação e cantando suas histórias. Dividindo as fileiras na educação do Estado, poder ter trabalhado ao lado de uma artista tão grande faz parte dos privilégios que coleciono na vida.

6 – BASE VIVA

Se vale a pena viver, é porquê existe uma Base Viva!

7 – MIDRIA

Pude ver ao vivo, desde as primeiras edições do Slam USPerifa (evento pelo qual passaram diversos nomes, como o hoje famoso pela internet Thiago Torres, o Chavoso da USP), Midria se apresentar, naqueles anos de faculdade. Uma artística de altíssimo quilate refletindo sobre o que é ocupar os territórios, e o que é pertencer a algum lugar. Aos leitores que são estudantes, não existe dúvida maior que ser e se encontrar, e lá está a Midria pra ajudar.

8 – BARBARA OLIVIA

Barbara eu pude ver alegrar os corredores da faculdade quando o que só se via era o caos Paulistano. Numa cidade de tantas misérias, a música revela muitas riquezas humanas.

9 – ANDRESSA NUNES

Andressa é um achado da pandemia, enquanto circulavámos eu e pessoas queridas pelo Algorid. Pudemos dar uma aula virtual em conjunto durante aquele período das aulas emergenciais no pico da pandemia de COVID-19. Gravado na Bahia, a nordestina Andressa traduz na sua psicodelia uma gigantesca atualidade.

10 – LAGROTTA

Lagrotta é o poeta da rua. Lagrotta é uma zine que se adquire num evento. Lagrotta é a folha caindo das árvores num parque durante a tarde. Lagrotta é a estrada da Rua. Pude construir paredes vindas do barro com o poeta no Ilê Axé de Yansã na cidade de Araras. Anarquia pura.

11 – NATI PAVEZZI

Seja solo, ou com sua banda DuoSintonia, Nati produz música pras dores e delícias de quem ocupa as trincheiras da vida por mundo de mais afeto e igualdade

12 – ARIANY MARCIANO (e CRIAH SP, que conheci acompanhando o som da Ariany)

Mais um dos nomes que conheci na USPerifa e que pude prestigiar nas ruas e praças da Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira. Se tem um lugar que cria música boa e gente forte, esse lugar se chama Morro Doce.

13 – JULIA PAGANO

Julia, traz após anos estudando música, num violão leve e numa voz densa, um estilo que acalma, alivia e ajuda na cura do dia-a-dia. Poder acompanhar a jornada de amadurecimento dessa artista é um privilégio.

14 – MARINA SILVA

Não há palavas para Marina Silva. Se há uma mulher que fez nascer de si a psicodelia, aí está ela. Uma excelente organizadora de saraus e apoiadora da minha arte.

15 – JEDIAS HERTZ

Jedias povoa meus ouvidos desde a adolescência. Se há um ombro que se possa chorar, um papo que se possa refletir, um coração que se possa confiar, aí está o Jedi. Para dissolver as noções sobre o mundo e criar novas.