Ctrl por SZA

SZA é uma cantora e compositora estadunidense que lançou seu álbum de estreia Ctrl em 9 de junho de 2017 e, com isso, moldou o mundo da música pop e principalmente R&B. 

Em seu álbum, SZA usa de ritmos do R&B e interpreta letras geniais, profundas e reais sobre a solidão da mulher preta e em como o racismo está presente em todas as relações pessoais, sempre. Ctrl vem pra contar uma história, para dar voz aquelas que não conseguem se sentir amadas ou que se sentem de segunda opção em todas as opções. SZA da voz não apenas a si, mas para aqueles que se sentem sempre inferiores ou menos capazes através de sua cor de pele. 

SUPERMODEL

SZA começa abrindo seu álbum com a track “SUPERMODEL” com sua mãe dizendo a seguinte frase “esse é meu maior medo, que se eu perdesse o controle, ou se eu não tivesse o controle, as coisas só… sabe? Eu seria fatal.” .

A música vai falar sobre um relacionamento que não deu certo e em como ela não consegue ter ou encontrar autoestima. Ela também fala sobre uma dependência emocional muito grande na pessoa com quem ela está ao lado, se menosprezando sobre o quão boa e bela ela precisa ser para se sentir vista ou parte de algo. SZA canta na música que se ele quisesse ou acreditasse, ela poderia ser uma supermodel, e que se ele não vê isso nela, ela também não vê em si mesma. 

DREW BARRYMORE

Em “drew barrymore“, track 4 do álbum, SZA canta sobre comparações a si mesma e o sentimento de insuficiência que a persegue, o mesmo sentimento que a faz se sujeitar a relações superficiais e vazias apenas pra se sentir desejada. Ela questiona também o fato de mulheres pretas se sentirem mais masculinizadas e se desculpa em trechos da música falando “Me desculpa se eu não sou mais atraente. Me desculpa se não sou uma dama e me desculpa se eu não raspo minhas pernas todas as noites. Me desculpa se não sou sua mamãe”.

Ela diz que a solidão nos leva a procurar qualquer coisa pelo desespero de não ficarmos sozinhos e que isso, às vezes, a envergonha. Sinceramente uma das minhas favoritas do álbum, ela expressa muito bem esse sentimento de insuficiência comparado a tantas outras pessoas que não tem essa necessidade presente em si. Incrível! 

THE WEEKEND

“The Weekend“, minha música fav do álbum todo. Fala sobre ser segunda opção e como as vezes ser essa segunda opção é tudo o que teremos na vida, então só acabamos aceitando. SZA fala sobre um relacionamento onde ela sabe que está sendo amante, mas não liga porque ela só quer amor e se esse for o único amor que ele pode ter, está tudo bem, contanto que ela também o receba. A cantora canta versos falando que o seu homem é da outra mulher nas terças, quartas e quintas, mas que é seu aos finais de semana. Nesses trechos ela consegue brincar e colocar todo o sentimento de se receber pouco, mas ainda se contentar por estar recebendo. Ela brinca dizendo que é a amante e que só o tem de final de semana e logo em seguida se questiona de que tipo de acordo é esse. Que mesmo ela sendo ela, ainda assim merece mais do que dois dias para ser amada. É a definição de se contentar com o mínimo, mesmo sabendo que não deveria. 

NORMAL GIRL

Em “Normal Girl“, SZA escancara as portas e canta sobre sua verdade. A música fala sobre à sexualização da mulher negra e em como é apenas isso o que eles querem dela, seu corpo ou o jeito que ela age por ser uma garota preta. Ela canta que queria ser o tipo de mulher que ele leva para o pai conhecer ou os amigos, que a mãe ficaria orgulhosa, mas que não é. Isso quer dizer o seu desejo de ser como uma garota branca, a garota vista e apresentável, que nunca vai ser ela ou sobre ela. SZA deixa claro que é difícil ser merecedora de um amor ao menos que não seja em público, ao menos que não seja em segredo.

20 something

Última track do álbum, “20 something”, SZA vai cantar sobre a solidão que ainda a persegue em seus vinte anos de idade, ela acaba de terminar seu relacionamento que não deu certo e se questiona sobre ter 20 e poucos anos e ainda ser tão só, não ter nada em seu nome e não ter ninguém contigo. Ela clama contra o fim, que os seus próximos anos sejam abençoados e que isso não a mate. No final da música temos a continuação do trecho falado por sua mãe na primeira música, “SUPERMODEL”, que continua dizendo: E se é uma ilusão, não quero acordar. Eu vou aguentar isso. Porque a alternativa é um abismo, é apenas um buraco, uma escuridão, um nada. Quem quer isso? Você sabe? Então é o que eu penso sobre controle, e essa é a minha história, e eu estou pregando isso. 

Enfim, um dos melhores álbuns já feito em minha opinião, ouvir Ctrl passa de uma experiência que se torna alternativa ou escape. SZA canta nossa história e nos cria um refugio para podermos nos indentificar. Há de se aprender a se amar. 

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