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Repugnância

Sim, você olhou no fundo de meus olhos com nojo expresso em seu rosto. Você teve a coragem de me afundar no abismo da autoestima e me fez ver o meu espelho todo estilhaçado.

Eu me lembro das primeiras vezes em que você falava da minha aparência. Em como eu não me encaixava nos padrões. Em como eu era horrível e teria problemas de saúde por causa disso no futuro. Eu me lembro bem, claro como cristal.

Eu me lembro de quando você me comparava àquela mais próxima de mim. Como amava ela. Como elogiava seu jeito e como parabenizava ela por seus esforços e sofrimento. Mas não o vi fazer isso comigo nem uma vez.

Por várias e várias vezes, eu me encarava naquele espelho quebrado, desejando ser algo mais. Desejando sua atenção. Querendo ganhar teu reconhecimento e amor, mas conforme os anos passavam e você via quem eu era, com expectativas espedaçadas, você desenvolveu nojo por mim.

Na frente dos outros, finge me amar. Finge sentir orgulho. Quando estou nos meus piores momentos, as palavras que saíam dos seus lábios me ajudavam a levantar e sair do abismo mas… agora, você me derruba sem sequer perceber.

Os tempos não foram misericordiosos com você; mudaste, tornara-se frio como gelo para mim. Eu não consigo lhe alcançar. Você se repudia cada vez mais comigo e expressa isso nas suas palavras que me cortam como adagas. Seja no estômago, no rosto ou no peito, as adagas me fazem sangrar e me prendem ao chão com suas lâminas frias.

Minha mente vaga nessas horas. Se eu fosse mais bonita, se eu fosse mais inteligente, se eu fizesse exatamente tudo o que quisesse, eu seria reconhecida por ti? Eu seria amada por você, como ela?

Muitas vezes eu desejava não ser assim. Não ser a coisa abstrata e colorida que sou. Não ser o que você mais odeia. Mas eu não tenho controle sobre quem me torno, tenho? É isso que me chateia. Eu apenas desejava que a pessoa que me criou com olhos tão acalorados, hoje, não me encarasse com tanta frieza e repugnância.

Você disse mais de uma vez que não quer que eu more no mesmo universo que você. Me disse várias vezes em como não possuo beleza. Me disse várias vezes para ir embora, como se não me quisesse perto de si. Quando estamos bem e finalmente sinto que consigo te alcançar, que terei a figura paternal que sinto tanta falta de volta, você expressa o quão dura a realidade foi comigo. Você não me considera sua filha.

Ah, como a injustiça e inveja ardem em meu coração machucado. Eu o vejo abraçá-la, chamá-la de princesa. Mas eu sequer lembro a última vez em que me chamou disso. Eu carrego arrependimentos amargurados em meu ser, mas não consegui teu perdão? Teu perdão por eu simplesmente ser quem sou?

Observando-me no espelho novamente e assistindo nossas memórias felizes como se fossem um doce sonho, eu caio em lágrimas e agonia. Meus braços sangram com o ódio de ser eu mesma. Meu corpo sofre por não ser perfeito aos seus olhos. Minha autoestima cai em um pântano e afoga em suas águas pantanosas. Vejo minha pessoa desmoronando enquanto veste uma máscara sorridente ao público, fingindo estar tudo bem para você não ficar bravo comigo.

É desejar algo impossível querer ser amada por você novamente?

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