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Os Contos de Gael: Exaustão

Parte Um: Exaustão

Gael levantou-se da cama com os olhos inchados; ele conhece esse sentimento melhor do que ninguém. A sensação da inutilidade em si, da burrice perto dos colegas, do complexo de inferioridade em padrões que o querem forçar a se encaixar. Sim, ele conhece, melhor que ninguém; como se condenava por não ser bom em certas matérias, como falhava em certos trabalhos e como era vítima de seu próprio julgamento, onde a única pena era a morte.

Gael, o rapaz que, agora, escondia-lhe a face – a prova de sua existência – entre as mãos, em uma tentativa falha de mergulhar sua culpa. Por que ele se condena tanto? Ele sabe que é inocente, que possui seus limites como qualquer outro ser humano, mas infelizmente… não é como se alguém se importasse. Há coisas que, não adianta de nada o quanto você as forcem; não encaixarão.

Como um violinista forçado a tocar tuba, um lutador de boxe pressionado a costurar ou um lenhador obrigado a tosar ovelhas, Gael não aguentava a pressão de ser, ao menos, razoável em coisas impossíveis de serem feitas pelas suas mãos calejadas de tanto trabalhar. Exausto, ele se levantou e foi ao banheiro lavar seu rosto; seu reflexo o encarava de volta, as gotas d’água escorrendo pelo seu rosto. Seu reflexo? Havia algo de especial nele; nunca refletia a pessoa, apenas o que ela era por dentro, mesmo que não seja abstrato. O espelho arranjava um meio de mostrar para cada um o que realmente eram.

Gael não era diferente; via um homem exausto de se provar, de se moldar, de se empurrar além dos seus limites. Seu cenho franziu; Gael sentia a ira em si despertar. Ele sabia que não levaria nada além de chacotas e machucados em seu frágil emocional se continuasse lá. Gael rosnou e travou sua mandíbula, os dentes se pressionando e causando dor às gengivas. Ele colocaria um fim àquilo, nem que ele fosse, novamente, “forçado” a ser o inferior, o fracote, o idiota que não entendia nada que lhe era passado.

Basta! Seu limite é seu limite e ele não se atreve a ultrapassá-lo mais uma vez por uma causa perdida em suas mãos.
-Eu me protegerei. Amarei meus limites assim como amo a mim mesmo e aprenderei a abraçar quem sou, como sou. Disse Gael, já na porta do apartamento, ajustando as mangas de seu terno nos braços pesados.


Foto/Divulgação
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