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Minha família era abolicionista, diz príncipe imperial do Brasil

Texto: Pedro Leonardo (9º C) Reportagem: Kauhan Sabino (9º C), Guinter Samuel (9º C) e Alice Espírito Santo (9º B)

Tema de controvérsias e debates, o consentimento da família imperial em relação a escravidão permanece aquecido. Mesmo com a Lei Áurea, assinada no dia 13 de maio de 1888, pela Princesa Isabel, o que lhe custou o império, descendentes da família imperial que vivem no Brasil são emblemáticos ao afirmarem que a família era abolicionista.

Nas vésperas do dia da Consciência Negra e no mês da Proclamação da República, o “CONVERSA SÁBIA” desta semana entrevistou Pedro Tiago Maria de Orléans e Bragança, descendente de Dom Pedro II e da Princesa Isabel.

Pedro Tiago Maria Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orléans e Bragança e Kuhn de Sousa, nasceu em 12 de janeiro de 1979. É o único filho do casamento de Pedro Carlos de Orléans e Bragança, e de Rony Kuhn de Sousa, que morreu dois dias após seu nascimento.

Pedro Tiago é o bisneto mais velho de Pedro de Alcântara de Orléans e Bragança. Se a monarquia brasileira não tivesse sido abolida e se Pedro de Alcântara não tivesse renunciado aos seus direitos dinásticos, seria considerado Príncipe Imperial do Brasil.



Morador de Petrópolis, Rio de Janeiro, Pedro falou que leva uma vida normal e comentou questões históricas e atuais envolvendo o Brasil.

Pedro Tiago


Confira a entrevista:

CAMÕES: Você acha que após se tornar uma república, o Brasil piorou?

PEDRO TIAGO: Não teríamos como comparar isto, já que naquela época o país era muito diferente de agora nos aspectos geográficos, sociais e econômicos. Mas, pessoalmente, acho que o Império cuidava melhor do Brasil e do povo. Minha família era abolicionista, meu tetravô mantinha hospitais e escolas para escravos muito antes da abolição poder ser concretizada. Aliás, o movimento anti-imperialista provavelmente tenha se iniciado com os rumores da abolição, pois senhorio e nobreza não aceitavam esta ideia da minha família. Apesar disso, tenho orgulho do movimento feito pelos meus ancestrais a favor do Brasil desde a Independência e a favor do povo com a Lei Áurea.

CAMÕES: Com base nos seus antepassados, como você se sente sabendo que era para se tornar um príncipe?

PEDRO TIAGO: Eu sinto muito orgulho da história da família imperial e honro os títulos e o patrimônio imaterial deixado por eles. Mas eu nunca tive vida de príncipe, apesar do título. Sou uma pessoa normal, cresci numa família normal, tive uma educação normal e uma vida normal. Mas sempre entendi a responsabilidade de descender da família imperial e de cuidar de Petrópolis – principalmente pela proximidade entre mim e meu avô D. Gastão, que era realmente um Príncipe, e me passava muito conhecimento e experiência.

CAMÕES: Com a Alemanha descumprindo o Tratado de Versalhes e atacando o império real, como ficou o império de dom Pedro II?

PEDRO TIAGO: O Tratado Versalhes foi assinado logo depois da primeira guerra mundial, justamente para que a Alemanha não seguisse com ataques. Quando Hittler descumpriu o tratado, já estava organizando exércitos para a segunda guerra. Neste momento, não havia mais o Império Real, Dom Pedro II morreu quase 30 anos antes do Tratado e Portugal já era um país e declarou neutralidade.

CAMÕES: Qual seu sentimento ao ver o museu dos seus antepassados destruído por um incêndio?

PEDRO TIAGO: É lamentável. Os danos do incêndio são irrecuperáveis – tanto a construção de 200 anos, que foi a residência imperial na Quinta da Boa Vista, quanto os 200 mil itens perdidos no incêndio. História do Brasil e história natural totalmente perdida. O Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, era único.

CAMÕES: Após o incêndio ao museu, conseguiram recuperar algo? A família tem alguns itens históricos de valor nacional?

PEDRO TIAGO: No Museu Nacional, foram recuperados apenas 2 mil itens e o prédio ainda está destruído. Em Petrópolis, existe o Museu Imperial, que também foi residência da família imperial e preserva 100 mil itens desta época.

CAMÕES: O brasileiro sabe e se orgulha da história do Brasil?

PEDRO TIAGO: Eu acho que não, pois sabemos muito pouco da nossa história…Estudamos e aprendemos sobre alguns fatos históricos, mas não sobre tudo dos nossos povos e da nossa terra. Tudo que aconteceu nos últimos 500 anos, bom ou ruim, é a nossa história. E somos o povo que resultou dessa história. Eu me orgulho de ser brasileiro, da nossa história e, principalmente, de Petrópolis.

CAMÕES: Qual recado que você deixa aos pequenos brasileiros?

PEDRO TIAGO: Precisamos cuidar melhor do Brasil. Das nossas cidades. Dos nossos conterrâneos e do nosso povo. Somos criativos, colaborativos, empreendedores, honestos. Podemos mudar nossa realidade. E esta mudança começa em cada um de nós.

Petrópolis, 1889: último retrato da família imperial brasileira na casa da serra. Foto: <http://blogues.publico.pt/atlantico-sul/2011/01/24/petropolis-1889-ultimo-retrato-da-familia-imperial-brasileira-na-casa-da-serra/>

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