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Fake news atrapalha a compreensão da ciência, afirma jornalista ao CAMÕES

Na Conversa Sábia desta semana, o JORNAL DO CAMÕES conversou com o jornalista, tradutor, escritor e colunista da Folha de SP, Reinaldo José Lopes, sobre jornalismo científico, o papel da fake news e a necessidade da educação ser experimentada na rotina do aluno. Lopes também comentou sobre o trabalho atual de traduzir e retraduzir a obra do escritor britânico J.R.R. Tolkien, autor de “Senhor dos Aneis” e “Hobbit”. Confira acima a entrevista na íntegra e leia o texto jornalístico abaixo:

CAMÕES: Você acha que as fake news atrapalham o trabalho da ciência?

Reinaldo José Lopes: Não atrapalha a ciência em si, a ciência continua sendo realizada da melhor maneira possível, mas acho que atrapalha muito a compreensão da ciência que o público tem, que as pessoas têm, acho que isso é o mais grave, por que essa coisa que a gente está vendo o tempo todo agora na pandemia, por exemplo, essa coisa de ficar medindo a temperatura no pulso em vez de medir a temperatura na cabeça, o pessoal acha que vai fazer mal para glândula no cérebro e não tem base nenhuma, o negócio aparentemente inofensivo só vai dar uma medida meio errada as vezes na temperatura. Mas pode ser muito pior, por que as pessoas em vez de procurarem informações correta e agir com base na informação correta, elas ficam presas em boatos que circulam na internet, bastante no whatsapp, hoje em dia. Então, a dica principal é sempre tentar checar a informação que você está recebendo, você não sabe exatamente quem falou, onde falou, que maneira aquilo foi passado, se é só alguém encaminhando uma coisa do nada numa rede social, no whatsapp, desconfie, não vai nessa porque o resultado pode ser muito pior.



CAMÕES: Neste mundo, com uma difícil realidade, a ficção científica pode ajudar a desviar-nos um pouco das dificuldades?

Reinaldo José Lopes: É engraçado isso, nem sempre a ficção cientifica tira a gente da realidade difícil. As vezes, ela é feita justamente pra pensar a gravidade da situação que a gente está. As distopias, as historias pós-apocalítica, tipo “1984” ou mesmo “Jogos Vorazes” ou “Conto da Aia” que fez muito sucesso nesses tempos. Tantas outras, como Mad Max… Elas na verdade fazem a gente mergulhar diretamente nas coisas terríveis que a gente tem hoje até piorando um pouco ou até muito próximo a situação em relação que a gente tem hoje. Acho que o papel da ficção cientifica seja da fantasia. Coisa tipo “Senhor dos Anéis”, não é fazer a gente fugir, mas de repente mostrar alternativas para mostrar que mesmo diante de ameaças terríveis a gente não é impotente, a gente tem o dever e a capacidade de repensar a nossa vida, o nosso mundo e tentar fazer alguma coisa.

CAMÕES: Mesmo com o avanço de tecnologias, como teorias como a da Terra Plana ganham adeptos?

Reinaldo José Lopes: Essa pergunta é realmente muito complicada, existem duas razões, uma é que as pessoas têm essa necessidade de as vezes demonstrar que elas não são enganadas e que elas conseguem procurar os verdadeiros motivos, as verdadeiras razões por trás do mundo ser como é, só que elas fazem isso sem realmente olhar as evidências, os fatos dados. E para se diferenciar dos outros, elas acabam entrando nesses grupos fechados de gente que compra conspirações e acha que o mundo tem alguma coisa por trás sendo controlada, controlando a humanidade. Esse é um ponto. E outro ponto que a gente têm visto muito, infelizmente, no caso da terra plana é o fundamentalismo religioso. Eu sou uma pessoa religiosa, sou católico, acredito em Jesus e tudo mais, mas a gente vê no caso da terra plana que muita gente com base numa interpretação literal da Bíblia, ou seja, olhando aquele texto da Bíblia e dizendo que aquilo tem que ser exatamente igual ao que está escrito, sem tirar nem por. O que é meio bobagem, por que pra começa, aquilo foi traduzido. A pessoa com base naquilo, vai achar que a terra é plana, sendo que dá pra interpretar aquilo de várias maneiras, então, esse elemento justamente do fundamentalismo religioso tem sido importante também, tanto fora do Brasil quanto aqui, acho que são esses dois fatores principais.

CAMÕES: Conte-nos um pouco de seu trabalho de tradução do Tolkien?

Reinaldo José Lopes: Fala um pouquinho do meu trabalho com a tradução do Tolkien então? Ah, é super legal, uma das coisas que eu estou mais me divertindo, mais tendo prazer, alegria de fazer, assim, disparado, que é alguns casos retraduzindo a traduzir de novo, livros que já existiam em português, como e o “Silmarillion”, que são bem clássicos do Tolkien que achavamos que poderíamos melhorar, poderia fazer uma coisa com uma linguagem mais próxima da do que o Tolkien usava no original, principalmente no caso do “Silmarillion”, aquela linguagem bem medieval, assim, ou talvez do lado renascentista, por exemplo, em português tem um pouco da ideia do que eu me inspirei pra fazer. E tem muito livro dele que não tem português ainda, a gente quer trazer pras pessoas, é uma riqueza muito grande, né? Além da complexidade do mundo deles são textos muito bonitos e muito inspiradores. Eu acho que vai ser um legado muito bacana pra deixar para as pessoas…

CAMÕES: É bom ou ruim preferir e ter interesse por obras estrangeiras, ignorando, muitas vezes a cultura local?

Reinaldo José Lopes: Acho que importante, sempre como tudo na vida, é o equilíbrio. Você valorizar um outro estrangeiro, não quer dizer que você, está desvalorizando a sua língua original, a  sua cultura, seu povo, é porque seja na literatura na própria ciência, também, o mais importante não é você ficar só como estrangeiro, só com a sua cultura local, mas você saber fundir as duas coisas. Você saber absorver influencias, absorver ideias para enriquecer  o que você tem e depois poder mandar o que você tem para fora. As duas coisas tem que caminhar juntas e quando você olha para as literaturas de línguas europeias, como a nossa, tudo está muito conectado, tudo dialoga, embora as coisas aconteçam em ritmos diferentes. Então eu acho que é bom você ter um pé em cada canoa e saber navegar pela nossa cultura e pela cultura estrangeira com a mesma desenvoltura. Isso não é desvaloriza a cultura local, mas enriquecer e ajuda ela a falar com um mundo muito maior que está ai fora…


CAMÕES: Dentro do ambiente escolar, o que falta para os estudantes gostarem de estudar?

Reinaldo José Lopes: O que falta para os estudantes gostarem de estudar? Cara, se eu soubesse essa formula mágica, eu resolvia muita coisa no mundo, né. Bem eu gostaria de saber isso. Mais, não sei o que eu tenho na minha cabeça sobre isso. Eu sou suspeito porque eu sempre gostei de estudar, embora tivesse dificuldades em algumas coisas como matemática ou física, mas, em geral me dava bem e gostava do que fazia, mas acho que talvez, sejam duas coisas: Por um lado, eu acho você mostrar relação daquilo, com a vida do aluno, embora a gente não ache tudo que a gente aprende. Muito que a gente aprende na escola tem sim uma relação, um impacto. Para entender o nosso mundo e para agir com a cabeça bem formada no nosso mundo. Para que serve esse negócio de DNA? Pelo menos para você saber se você estiver fazendo esse teste de paternidade, um dia, para você saber a onde você vai estar entrando. Ou você saber o que é um vírus, por exemplo, para você não tomar antibiótico quando você estiver com uma infecção, viral, pois não adianta nada. Se a escola conseguisse aumentar mais esse elo, entre o que tem no dia das pessoas e o que as pessoa a prendem seria uma coisa boa. E a cima de tudo é aventura de conhecer coisas novas, entender como o mundo funciona e mostrar como tudo isso pode ser fascina e mexe na cabeça da gente.

LIVROS DO ENTREVISTADO:

Como os vírus e as pandemias evoluem;

Darwin sem frescura;

1499 : O Brasil antes de Cabral

Confira o Canal de Reinaldo José Lopes no Youtube:

https://www.youtube.com/channel/UCoB9jZ5E60HraX36xHx6ZQQ

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