Em tom de comemoração pela aprovação do novo Fundeb ( Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação ) ocorrida ontem, terça-feira (21), o ex-secretário adjunto do Ministério da Educação e atual reitor da Universidade Brasil, Felipe Sartori Sigollo, atendeu nesta quarta-feira (22/7) os alunos da Escola Estadual Januário Sylvio Pezzotti, de Rio Claro/SP, que fazem parte do JORNAL do CAMÕES, para falar sobre a educação pública brasileira.
-Nesse momento que estamos vivendo é bom para dar valor às pessoas, aos amigos e dar valor à aprendizagem
Com trajetória voltada ao setor público, Felipe Sigollo, ainda estudante, participou de grêmios estudantis e de atos pela criação de jornais escolares. Chegou a presidência do diretório acadêmico do curso de Engenharia e a entidade representativa dos estudantes brasileiros participando ativamente da criação do novo FIES em 1999, e em 2001, com 23 anos, foi para o Ministério da Educação e ajudou na confecção do Bolsa Escola que mais tarde viria a se chamar Bolsa Família com a união de políticas públicas federais. Confira:
CAMÕES: Existe diferença no ensino da região sul e sudeste para a região norte nordeste?
Felipe Sigollo: Essa é um a pergunta interessante, pois existe diferença sim, muita! Mas temos duas boas notícias: ontem foi aprovado o novo Fundeb que distribui recursos do sul e sudeste para o norte e nordeste que são historicamente mais desiguais e que tem um desempenho educacional menor. Em 2018, foi aprovado a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que permite padronizar a aprendizagem. São instrumentos como estes que ajudam o país a combater a desigualdade educacional.
CAMÕES: O que determina uma boa educação pública de uma determinada região? É a quantidade de escolas ou qualidade no ensino?
Felipe Sigollo: Bom, importante mesmo é a qualidade no ensino e que exista oferta para todos. A quantidade não é determinante, o melhor é ter uma boa qualidade e ter oferta para todo mundo. Em 2000, foi universalizado o Ensino Fundamental. O desafio é universalizar creche e ensino infantil para todo mundo.
[…] Nem todo mundo tem acesso a um celular, a banda larga, ao computador. Temos que democratizar estes meios de tecnologias e torna-los essencial, assim como é o caderno, o lápis, a água, a luz […]
CAMÕES: O que podemos fazer as pessoas nesse período de pandemia? E sobre a Educação neste momento de isolamento social?
Felipe Sigollo: Projetos, assim como o jornal de vocês. Trabalhos como este são de suma importância para ajudar as pessoas, ninguém pode ficar para trás, temos de ter fé porque tudo passa e nós vamos nos adaptando. E depois de tudo isso, de superar tal situação, vamos lembrar como a inovação mudou tudo. O humano é forte, consegue se adaptar, Sairemos mais forte. Não custa lembrar que a cem anos atrás uma epidemia semelhante também atingiu a humanidade e perdemos muitas pessoas. Mas conseguimos superar, temos que ter fé! Na educação é um momento muito desafiador que ninguém viveu antes. E agora a discussão é como aliar o ensino a distância ao presencial. Só ficar em casa, não deve ser tão legal, não é mesmo? E também sabemos que nem tudo vai ser presencial. O momento trouxe esta nova realidade sobre a utilização das tecnologias. O que a Viviane Senna, do Instituto Ayrton Senna, fala é verdade… Quanto de ensino presencial? Quanto em cada série? Qual é o ideal, por exemplo, no caso de vocês, do 9º Ano do Ensino Fundamental? Quanto de aula no youtube? No tik tok, por que não? Quais as tecnologias que podemos aproveitar? Nem todo mundo tem acesso a um celular, a banda larga, ao computador. Democratizar estes meios e as tecnologias….
CAMÕES: Qual o conselho que você pode dar aos jovens que queiram ajudar a próximo?
Felipe Sigollo: Este trabalho que vocês estão fazendo de procurar conhecimento, procurar, ouvir, disseminar para outros colegas. Acho que todas as iniciativas são importantes. Ninguém pode ficar para trás, temos que ajudar as pessoas. E ter fé! Vamos superar e vamos sair mais forte deste momento. Tudo passa, vamos superando, evoluindo e se adaptando. Temos que ter paciência, resiliência e aos poucos vamos melhorando. O conhecimento vai avançando…
CAMÕES: Agradecemos muito a sua presença senhor Felipe Sigollo!
Felipe Sigollo: O prazer foi todo meu poder estar aqui com vocês dando essa entrevista.

*esta entrevista foi feita pelo alunos Kauhan Sabino, Guinter Samuel, Davy Arnaud, Gabriela Pinho e Vitória Bueno e mediada pelo professor Antonio Archangelo. Texto: Kauhan Sabino (9º Ano C). Edição: Antonio Archangelo.